Oportunidades e viabilização – Embora os projetos fundamentados em tecnologia da informação e da comunicação ainda sejam amplamente majoritários, startups vinculadas à manufatura começam a se tornar mais comuns. Nesse segmento, a indústria química constitui universo particularmente promissor: “Há nesse setor oportunidades em segmentos como a química verde, a impressão 3D – que exige novos materiais –, e a nanotecnologia”, especifica Hudson Mendonça, diretor do comitê de CleanTech da Associação Brasileira de Startups – ABStartups (propondo bens e serviços ambientalmente mais amigáveis, o conceito cleantech, aliás, sustenta muitos projetos de inovação na indústria).
Na realidade, pode-se inovar em qualquer atividade, pondera Cassio Spina, fundador e presidente da Anjos do Brasil (entidade que congrega investidores que destinam recursos a startups). “Inovação não se refere apenas a produtos, mas também a processos e modelos de negócios”, argumenta.
Sergio Risola, CEO do Cietec (incubadora da Universidade de São Paulo-USP), avalia haver atualmente no Brasil o amadurecimento de um ambiente favorável ao desenvolvimento de startups. “Recebo continuamente grandes empresas em busca de parcerias para inovação”, relata. “O fluxo de investimento ainda é inferior ao que eu desejaria, mas bons projetos podem até escolher entre investidores”, acrescenta Risola.
Além disso, ressalta Mendonça, da ABStartups, empreendedores hoje dispõem de ferramentas bastante acessíveis para auxiliá-los em seus projetos empresariais: contadores que trabalham em pool para reduzir os preços de seus serviços, ferramentas de gestão via internet mediante pequenas mensalidades, ambientes de coworking que reduzem os custos com as estruturas físicas de administração, entre outras.
Algum interessado em criar uma startup, recomenda Mendonça, deve inicialmente buscar o apoio de alguma operação de aceleração, que pode lhe fornecer alguns recursos financeiros, mas é importante sobretudo por sua rede de contatos e por ações de capacitação. Caso não tenha ainda nenhum conhecimento do universo de negócios, ele pode até começar por uma incubadora, para depois chegar a uma aceleradora. “Depois, é preciso contatar investidores, existem fundos privados, organismos e instituições, interessados na área química”, enfatiza.
Exemplo de instituição com recursos alocados em startups do setor químico é a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que já destinou R$ 2 milhões para a IQX, startup abrigada em uma incubadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) cujo portfólio inclui aditivos para recuperação de borracha e para confecção de materiais com proteção contra descargas eletrostáticas. Oriundos de um programa denominado Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), tais recursos visam também inserir a IQX no mercado internacional.
Por enquanto, as duas sócias da IQX preferem não contar com investimento privado, esperando que seu empreendimento se valorize mais. Mas em duas ocasiões elas já apresentaram a empresa a potenciais investidores e notaram ser ainda bastante reduzidos, no universo das startups, os negócios não relacionados à tecnologia da informação e comunicação. “Mesmo nesse cenário pouco favorável, já fomos procuradas por investidores”, diz Silmara Neves, uma das criadoras e sócias da IQX.
Data: 10/10/2017
Veículo: Quimica.com.br